sexta-feira, 11 de junho de 2010

A VIVÊNCIA DO SENTIMENTO AMOROSO

Historicamente, o amor tem sido, durante séculos, um dos mais declamados, procurados ou mesmo desejados sentimentos relacionados ao comportamento humano. Por muitas vezes referenciado como uma das razões de viver, ou de sofrer, ele tem sido responsabilizado tanto pelas felicidades humanas quanto por suas mazelas.
Existem várias perspectivas para compreender o amor. Para iniciarmos esta análise, vamos partir de um clássico sobre o assunto: o livro de Dennis de Rougement (1939/2003). Este pensador suíço, nascido no ano de 1906, escreveu a obra A história do amor no ocidente, publicada em 1939 e considerada, por muitos autores, uma das mais importantes do século XX sobre a temática do amor. Para realizar sua análise, o autor partiu do mito de Tristão e Isolda. Em seu estudo, revelou que a ideia de amor reinante em nossos dias é relativamente nova, tendo surgido em torno do século XII e estando fortemente marcada por características ocidentais. Isso não quer dizer que não existia relação integrada entre o afeto e a sexualidade, como nos revela o pensamento grego a partir da leitura de Foucault (1998, 1999); mas o que é significativo aqui é que, a partir do século XII, o amor passa a ter uma identidade que lhe dá certa autonomia e liberdade com relação às interações sociais. A partir desse momento, parece que o amor não necessitava de outros ingredientes. Ele bastava a si mesmo.

O "amor romântico" se constitui, assim, como aquele que nunca alcança a correspondência, continuando como uma busca contínua.  Cita o exemplo do romance de Tristão e Isolda, a mesma obra analisada por Denis de Rougement, apontando que, nesse mito, o amor é percebido como uma doença da alma, que pessoas como Isolda, personagem do romance, decidem contrair. Podemos perceber isso a partir do que os estoicos pensavam sobre o amor.

Segundo Freire Costa (1998), estas informações são importantes para podermos compreender que hoje se vive com base em concepções do amor romântico que fazem uma "mistura de ilusão e realidade, de ganhos e perdas, de avanços, paradas e recuos no campo das relações humanas" (1998: 150). Assim, o amor, segundo o autor, "é suporte de predicação moral" (Idem: 161) e tanto pode representar felicidade quanto sofrimento

                                                                          Artigo de Leandro Castro OltramariI
                                                                          Psicologia em Estudo -version ISSN 1413-7372

                                                                        Psicol. estud. vol.14 no.4 Maringá Oct./Dec. 2009
Leia mais:

Rougement, D. (2003). História do amor no ocidente. (P. Brandi, E. B. Cachapuz, Trad.). São Paulo: Ediouro. [ Links ]

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